domingo, fevereiro 16, 2020

Tanto Travesseiro

(17/04/2017) Maíra Mendes Na cama, sozinha Reviro poemas e passados presentes Tantos travesseiros não suprem a falta de você Não contemplam seu cheiro Não suportam tua boca Não apaziguam meu âmago Abóbada celeste Não se preste a esse papel de teto Na cama sem você Sou um feto Dejeto de gente Essa sou eu na cama Sem você Caçando o vício virtual Desde sempre igual Fazendo do tédio meu rei Só eu, desse silêncio, sei Clamo por amor Sobra meu calor Sem você pra partilhar Amanhã serei capaz de me suprir Mas hoje queria apenas me umir Me munir de forças pra lutar Porque a ansiedade me impede de prosperar E a saudade mina minha saúde E eu fico assim toda amiúde Só porque os travesseiros não aplacam meu desespero

sexta-feira, janeiro 10, 2020

Quando a luz se fez (Maíra Mendes) Quando a luz se fez E eu me senti menina Outra vez Pude curtir estar deitada só De calcinha Na cama Pensando em você De bruços Balançando as pernas no ar Quando a luz se fez E eu me senti mulher Outra vez Me vi de quatro Aos seus pés Implorando que não parasse e parasse Em um ritmo alucinante Que é só seu Quando a luz se fez E eu me lembrei de mim Outra vez Revi o que eu senti Quando ouvi você tocando Tentando demonstrar que não se afetava Por eu estar olhando Atenta e atenciosa E me vi delirando quando Entre um solo e outro Você me mandou aquele beijinho Discreto Que ninguém perceberia Exceto eu Quando a luz se fez E desvelou minhas sombras Outra vez Pude sentir o gosto doce Do desespero De amar sem ser amada De ser desejada Mas não possuída De ser tão menina e tão mulher Mas não ser nada sem você Senti, assim, sem senão O gosto azedo de esperar Sem esperança De querer não estar sozinha E saber que jamais estive Em tamanha Solidão