segunda-feira, dezembro 14, 2009

Do livro "Vaccaciones" de Ana Paula Barbi

"eu gosto de recomeçar histórias só para ver se consigo um final diferente.
compulsão à repetição, se você achar melhor.
freud chamou de “compulsão à repetição” o processo de reviver interminavelmente determinada neurose; assim sendo, quando alguém repetia um relacionamento ou acontecimento frustrado, seria uma tentativa da libido de descarregar a energia acumulada ou represada até conseguir o êxito de sua missão. freud associou tal complexo ao instinto de morte inato no ser humano, pois o prazer absoluto ou a ausência da dor apenas seriam obtidos no retorno ao inanimado, que seria a morte. embora tal conceito até o presente seja um tanto difícil de ser elaborado, não precisamos ir muito longe para vermos que determinadas pessoas possuem um núcleo doentio de sempre estarem repetindo suas experiências mais dolorosas. porém, o que freud deixou de mencionar é que a repetição na sua essência é um desafio imposto pelo ego frente ao orgulho ferido. a pessoa, mesmo sabendo do risco da continuidade de determinada desgraça, aceita novamente uma situação similar, como o jogador compulsivo."
Meu avô era jogador compulsivo... me identifiquei :/

sábado, janeiro 31, 2009

Amor Cego

MORCEGO

Mórbido e sagaz morcego peludo
Sugou o meu último suspiro de alegria
Deixou sua marca como alegoria
Cálido e calado promoveu o absurdo

Voou e fugiu mas deixou o seu rastro
E agora para repor o meu sangue, pasto
Cravou no meu âmago os seus dentes
Deixou-me demente, estirada, doente
Verteu no meu ventre o seu perfume
Iluminando o meu quarto, olhos de vagalume

Astuto animal malicioso
Dançou com suas asas sobre mim
Entorpeceu minha mente com seu cheiro
Iludiu o meu corpo com seu beijo
Dominou minha vida com seu jeito
E agora, mesmo louca de desejo
Procuro sanar o mal já feito

São Paulo, 2001

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Doces Desejos

Você em minha cama esteve
E agora não consigo mais dormir
Seu gosto ficou no meu travesseiro
E um sentimento profundo de desespero
Me fez lembrar do seu amor
que eu não tive
Sua boca me maltrata com palavras
E me acaricia o seu beijo
Quero sua malícia, sua pureza
sua luxúria, sua beleza
Quero sua alma nua
Seus olhos como duas esmeraldas brilham
Iluminam com luz negra o meu peito
É uma luz que eu não consigo apagar da lembrança
E o meu corpo lampeja de desejo
Me despeço agora da minha sanidade
Tentando lembrar dos momentos doces perdidos
Assim como as rosas, o amor cheira bem
Mas esconde espinhos que ferem

São Paulo, set/2001