MORCEGO
Mórbido e sagaz morcego peludo
Sugou o meu último suspiro de alegria
Deixou sua marca como alegoria
Cálido e calado promoveu o absurdo
Voou e fugiu mas deixou o seu rastro
E agora para repor o meu sangue, pasto
Cravou no meu âmago os seus dentes
Deixou-me demente, estirada, doente
Verteu no meu ventre o seu perfume
Iluminando o meu quarto, olhos de vagalume
Astuto animal malicioso
Dançou com suas asas sobre mim
Entorpeceu minha mente com seu cheiro
Iludiu o meu corpo com seu beijo
Dominou minha vida com seu jeito
E agora, mesmo louca de desejo
Procuro sanar o mal já feito
São Paulo, 2001
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